Foto: Fernando Roberto/Red Bull Bragantino
Texto: Cárila Covas
O Estádio Nabi Abi Chedid foi palco de uma série de momentos históricos ao longo dos anos, e entre eles está a estreia de Tayna Lima com a equipe profissional do Red Bull Bragantino. Primeira jogadora com passagem pela base a atuar no time principal, ela guarda com carinho cada lembrança vivida no Nabizão - local que se tornou sinônimo de casa e realização de um sonho.
O primeiro jogo de Tayna no estádio aconteceu em 1º de junho de 2023, pelo Campeonato Paulista, diante do Palmeiras. Na ocasião, saiu do banco e entrou em campo de forma inesperada, improvisada na ala em uma partida intensa e disputada. "Seria estranho falar que eu não lembro. Sempre foi o meu sonho vim jogar pelo clube, estar vestindo essa camisa sempre foi uma honra para mim", recordou. "Era um jogo que eu não esperava entrar, porque no decorrer da partida era para entrar uma ala e eu jogava de zagueira ou volante, acabei entrando nessa posição nova, improvisada e era um jogo que estava muito disputado, a casa cheia... Foi um motivo de muita alegria eu estar participando e vivenciando tudo isso nesse clube."
A relação de Tayna com o estádio vai além das quatro linhas. Desde a primeira vez que entrou no vestiário e pisou no gramado, sentiu o peso simbólico de estar em um lugar como o Nabi. "A gente sempre preferiu jogar em casa. O Nabi era a nossa casa, a gente se sentia realmente bem lá", afirmou. "É algo muito louco de explicar, porque é algo que você sonha, mas nunca imagina. Um dia você está assistindo da TV, vendo grandes jogadores que passaram por ali, e no outro você está ali, vivendo tudo aquilo."
O envolvimento emocional com o estádio também se manifesta fora das partidas. A atleta relembra com gratidão o carinho da torcida nos bastidores. "A gente desce do ônibus e vê o pessoal lá fora, já é algo que a gente nem acredita que está vivendo. Eu sempre assisti aos jogos do estádio pela televisão com os meus pais, e meu pai sempre dizia: 'Imagina, quem sabe um dia você tá lá'."
Entre os momentos mais marcantes, a volante destaca a campanha do acesso e título do Brasileirão Feminino A2, em 2023, como o ápice da sua trajetória até aqui. "Todos os jogos lá são marcantes, mas o nosso acesso e o nosso título em 2023 foram especiais. Foi o meu primeiro título pelo profissional e aconteceu aqui no Red Bull Bragantino. Uma final em um estádio tão grande, com a minha família e a torcida presente... Inesquecível para mim."
Com uma relação construída com suor, emoção e conquistas, Tayna Lima escreve seu nome na história do Nabi Abi Chedid. Mais do que uma jogadora, ela representa a conexão entre o passado, o presente e o futuro de um clube que segue abrindo caminhos - agora se despedindo de sua casa tradicional para dar início a um novo capítulo.
NO CORAÇÃO DO BRAGA!
Durante as últimas semanas, percorremos as histórias de quem viveu, sentiu e se transformou dentro do Estádio Nabi Abi Chedid. A série "No Coração do Braga" nasceu para contar o que não cabe nas estatísticas, nos placares ou nos resumos de jogo. Ela foi pensada para eternizar memórias. E agora, ao final dessa caminhada, fica claro: o Nabi nunca foi só concreto e arquibancada. Foi, e sempre será, um capítulo vivo da história do Red Bull Bragantino.
O estádio foi casa de gerações, palco de gols decisivos, berço de talentos e ponto de encontro de sonhos. Eric Ramires, na primeira matéria da série, nos mostrou a relação íntima entre um atleta e o lugar onde ele amadureceu como jogador e como pessoa. Tayna Lima, a primeira atleta da base feminina a jogar pelo profissional, deu voz a uma geração que se sentiu representada ao vê-la brilhar no mesmo gramado que antes assistia pela televisão.
Esses personagens - e tantos outros que passaram por aqui - são os que fizeram do Nabi muito mais que um local de jogo. Foram histórias como essas que moldaram a alma do estádio. Cada vestiário ocupado, cada caminhada, cada grito vindo da arquibancada. Tudo isso construiu o clube que somos hoje.
A despedida dessa casa vem acompanhada de um novo tempo. Um futuro moderno, com estrutura renovada e capacidade ampliada, que abrigará novas gerações de jogadores, jogadoras e torcedores. Mas que não abandonará as raízes de onde viemos.
A série "No Coração do Braga" termina aqui, mas o sentimento que ela despertou continua. Porque estádio novo se constrói com concreto, mas casa nova só se constrói com memória. E, para isso, as portas do Nabi estarão sempre abertas dentro de nós.
Confira todas as entrevistas exclusivas a seguir:
Com Eric Ramires (#01)
Com Humberto Simão (#02)
Com Pedro Henrique (#03)
Com Alice Tosta (#04)
Com Juninho Capixaba (#05)
Com Thayslane (#06)
Com Matheus Fernandes (#07)